Pretty Baby – Menina Bonita
(Pretty Baby, dir. Louis Malle, EUA,
1978, 109 min., 14 ANOS)
Em 1917,
Ernest J. Bellocq (interpretado por Keith Carradine) instalou-se com seu
equipamento fotográfico no bordel de Madame Nell na zona de Nova Orleans. Como
todo fotógrafo, ele também tinha seu lado voyeur.
E, assim, estava no lugar certo na hora certa. Pouco tempo depois, a
prostituição foi proibida e imagens de mulheres nuas foram consideradas
pornografia. Suas fotos das prostitutas, muitas menores de idade, podem não ter
lhe proporcionado muito retorno financeiro, mas certamente satisfizeram sua
libido e seus desejos íntimos. Pois o “ato de tirar fotografias estabelece uma
relação crônica e voyeurística com o mundo e nivela a significação de qualquer
acontecimento.
Quase cem
anos depois, com a ampla difusão da pornografia, em especial a pedofilia na
internet tem sido repudiada e combatida. No entanto, em 1978, o filme foi bem
recebido pela crítica e pela sociedade. Em Pretty
Baby, a fotografia e a obsessão apontam para uma menina de 12 anos, Violet
(Brooke Shields, em seu primeiro filme de maior visibilidade), filha de Nell
(Susan Sarandon). Leiloada para perder sua virgindade para um cliente
endinheirado, a jovem é ainda retratada nua em poses provocantes: no banho, no
sofá, no jardim com a mãe. Pornografia? Pedofilia? Talvez. Mas, antes de mais
nada, arte fotográfica, conduzida com maestria por Louis Malle e seu diretor de
fotografia, o consagrado sueco Sven Nykvist.
O filme
nos mostra, ainda, que fotografia é também magia. “Como você fez isso?”, indaga
a curiosa Violet sobre uma de suas fotografias. “Mágica. E só precisei de um
segundo”, responde Bellocq orgulhosamente. Desde sua invenção e até os dias de
hoje, a fantasmagoria das imagens fotográficas ainda suscitam a ancestralidade
mágica do ser humano.
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