O Ano em que Vivemos Perigosamente
(The Year of
Living Dangerously, dir. Peter
Weir, EUA, 1982, 115 min., livre)
Na década
de 1960, a Guerra Fria provocou tensões entre os regimes capitalista e
comunista. Alastrava-se o medo de uma terceira guerra mundial e conflitos
eclodiam na Ásia, África e Américas. Na Indonésia de 1965 o ditador Sukarno viu
seu poder se desmanchar diante das intrigas que envolviam as forças armadas, os
EUA, os chineses e os muçulmanos. Nessa guerra civil, jornalistas e fotógrafos
tiveram papel importante.
Em sua
primeira pauta internacional, o repórter australiano Guy Hamilton (interpretado
por Mel Gibson) é designado para cobrir os eventos no calor equatorial da
capital Jacarta. Com a ajuda do fotógrafo anão Billy Kwan (papel que rendeu um
Oscar de atriz coadjuvante a Linda Hunt), ele se insere na vida social e
política da cidade. Seduzido pela beleza de Jill Bryant (assessora do adido
militar da Embaixada Britânica, interpretada por Sigourney Weaver) e disposto a
tudo para obter um furo de reportagem, Guy acaba ultrapassando alguns limites.
Em seu
bangalô, que lhe serve de moradia, ateliê, escritório e laboratório
fotográfico, o enigmático Billy Kwan mantém um minucioso arquivo secreto dos
jornalistas e diplomatas estrangeiros, contendo informações e, principalmente,
fotografias de “pessoas que se tornarão fantasmas”. Lá, ele também pratica a milenar
arte do Wayang, teatro de sombras indonésio. Observando os movimentos
projetados na parede, o fotógrafo recomenda ao jornalista: “você deve observar
as sombras, não os bonecos”, lembrando que, na fotografia, as informações podem
ser apreendidas além do óbvio da superfície.
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